segunda-feira, 14 de junho de 2010

Orações para Bobby

Gravado para a TV americana, filme mostra a angústia extrema de um jovem .

Orações para Bobby [Prayers for Bobby] não é um filme de final feliz, mas mostra que depois do final infeliz pode haver um recomeço. Mesmo que ele seja duro, angustiado e cheio de culpas nos questionamentos sociais e religiosos quanto à homossexualidade. O filme é também uma história sobre o amor materno. E nesta relação maternal está Bobby Griffith e Mary Griffith, interpretados pelos atoresRyan Kelley, 22, e Sigourney Weaver, 59. O filme foi baseado no livro homônimo publicado pelo jornalista Leroy Aarons, em 1995, que é fundador do National Lesbian and Gay Journalists Association. O filme foi exibido em janeiro na TV americana. Desde então, abre a discussão na trilogia homossexualidade-família-Igreja.

DivulgaçãoOs atores Ryan Kelley e Sigourney Weaver
Tanto o livro quanto o filme tratam da angústia do gay Bobby, que, desde os 16 anos, teve sua homossexualidade revelada para a família. Diante de muita pressão psicológica, se suicida aos 20 anos de idade, no ano de 1979. Até chegar a este ponto extremo, Bobby enfrentou o preconceito dentro de casa e as intervenções religiosas da mãe para afastá-lo do pecado.
Não bastasse isso, ela submete o filho a tratamentos médicos. Sim, este é um filme que se conta o final, mas que não termina com a morte de Bobby, mas com tudo o que vem depois. E para a mãe Mary Griffith, o depois seria o inferno, pois seu filho teria cometido o pecado da homossexualidade.
Filme da vida real – Angustiada, questiona-se o tempo todo. Como poderia um garoto tão bom e puro de coração ir para o inferno? Querendo cuidar da alma do filho morto, Mary procura respostas na própria religião, mas não as encontra tão fácil. Para muitos, pouco importaria saber se sua alma estivesse no céu ou não. Mas ela gostaria que estivesse.
É essa motivação que marca o desenrolar do filme da vida real de Bobby. Mary vasculha o quarto do filho para encontrar estas respostas, e se depara com um diário. Nele está escrito o que muitos gays sentiram, ou ainda sentem, quando se fala dos gays como algo distante do núcleo familiar, coisa pecaminosa e algo ruim. O diário mostra também a neurose em relação ao isolamento e do abandono das pessoas mais próximas, como a família e os amigos. Escreveu Bobby no seu diário:

DivulgaçãoBobby (camisa azul) com os irmãos e a mãe Mary
Eu não posso deixar que ninguém saiba que eu não sou hétero. Isso seria tão humilhante. Meus amigos iriam me odiar, com certeza. Eles poderiam até me bater. Na minha família, já ouvi várias vezes eles falando que odeiam os gays, que Deus odeia os gays também. Isso realmente me apavora quando escuto minha família falando desse jeito, porque eles estão realmente falando de mim. Às vezes eu gostaria de desaparecer da face da terra”.
Superação – Ele desapareceu, mas as suas angústias sobreviveram personificadas na imagem da sua mãe. Tal angústia materna supera e vence os ranços religiosos. Quebra os paradigmas sobre a palavra de Deus e suas interpretações por parte dos religiosos intolerantes e homofóbicos.
Principalmente no clichê de que Deus abomina o pecado, mas ama o pecador. Mas se Deus é tão poderoso e perdoa tudo, por que não salvou a vida de Bobby? É entre a palavra de Deus e a memória do filho que Mary Griffith tem que escolher. E o faz da forma mais humana, ainda que tardiamente.
Este filme já corre pela internet legendado em português. Como não faz parte do circuito da indústria cinematográfica, dificilmente deve aportar aqui no Brasil tão cedo. Mas a internet dá uma mãozinha e vários blogs e comunidades do Orkut sobre filmes gays, já disponibilizaram na rede.
Para assisti-lo na íntegra, basta preparar um lençinho para a comoção e as lágrimas, e baixá-lo > http://www.megaupload.com/?d=6D3DGQWE
por Valmir Costa

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