quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Dilma vê "momento dramático" com chuvas no Rio, mas evita definir recursos e prazos

Dilma vê Em sua primeira entrevista coletiva depois de tomar posse, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta-feira (13) que as chuvas que mataram mais de 400 pessoas nos últimos dias no Estado do Rio de Janeiro trouxeram “um momento muito dramático” e "cenas fortes”. Apesar disso, ela evitou fixar recursos e prazos para a reconstrução das áreas afetadas na região serrana –em especial nas cidades de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo– as mais afetadas pela tragédia que já matou mais de 400 pessoas.

Na capital fluminense e ao lado de um de seus maiores aliados, o governador Sérgio Cabral (PMDB), Dilma aprovou a “capacidade de organização do governo do Estado” e disse estar atenta aos riscos em outros três Estados: Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás. Mais cedo, ela conversou com moradores de Nova Friburgo para avaliar as maiores necessidades dos prejudicados pelas chuvas. Após elogios ao antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ela disse que a reconstrução pode ser acelerada, mas terá trâmites burocráticos indispensáveis.
"O momento é de solidariedade, resgate e apoio. Não dá para mensurar recurso agora", afirmou ela durante a entrevista. "Estamos colocando o que nós temos à disposição. Arcamos com esse custo sem problema. Todo o resto vamos ter que quantificar do que se trata", completou ela, que repetiu o antecessor ao liberar o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e mensalidades do programa Bolsa Família para afetados por tragédias naturais.

"Momento dramático"

"Nós não financiamos habitação em zona de risco. Não usamos nenhum recurso do governo federal para incentivar as pessoas a fazer ocupação nessas áreas. O mecanismo que nós temos é esse [o Minha Casa, Minha Vida]", completou.
Aparentando consternação, Dilma se disse solidária com os familiares das vítimas das chuvas. "É de fato um momento muito dramático. As cenas são muito fortes, é visível o sofrimento das pessoas e o sofrimento é muito grande", afirmou, acompanhada de vários ministros.
“Agora nós temos de resgatar pessoas, reestruturar as condições de vida nas regiões atingidas, permitindo que as pessoas tenham acesso a remédios, que tenham minorado seus sofrimentos quando perdem suas casas, seus bens”, disse. “O governo federal vai estar, aqui no Estado, solidário e cooperando como sempre. Estamos aqui também para prevenir e garantir que a reconstrução seja um momento de prevenção."
Questionado sobre se os repasses federais tinham chegado ao Rio de Janeiro em 2010 depois da tragédia em Angra dos Reis, ocorrida em janeiro do ano passado, Cabral defendeu a gestão Lula. “O Rio de Janeiro recebeu nos últimos quatro anos não só solidariedade, mas o apoio efetivo.  As obras em Angra estão em curso. São R$ 110 milhões de reais. Uma velocidade que nunca houve antes.  Não há uma reclamação sequer da nossa parte”, disse.

"Educar é dizer não"

Cabral voltou a criticar as moradias irregulares em áreas de risco. "A legislação do solo urbano cabe às prefeituras. A prefeitura tem que cuidar também da ocupação irregular e enfrentar esse problema", afirmou o governador. "Educar também é dizer não. Não se pode habitar essas áreas."
Dilma disse que seu governo vai investir na prevenção de tragédias como essa, criando políticas habitacionais. "A prevenção não é uma questão de Defesa Civil apenas, é questão de saneamento, drenagem e políticas de governo. Quando não tem política habitacional, quem ganha 2 ou 3 salários mínimos mora onde? Justamente nas regiões desabitadas", afirmou a presidente. "A moradia em área de risco no Brasil é a regra, não é a exceção."

Maurício Savarese e Marina Motomura
Do UOL Notícias
Em São Paulo

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