Alberto Corrêa e Castro Neto
Carnaval deriva do latim “carnis valles”, que significa “prazeres da carne”, mas, desde a antiguidade grega já se realizavam essas grandes festas onde se comia, bebia e se buscava o prazer sob todas as suas formas, ocasião em que as restrições morais eram relaxadas.
Atualmente, mundo afora, existem algumas comemorações dessa data. Talvez a mais conhecida seja o “Mardi Gras” realizado em Nova Orleans (Estados Unidos) na 3ª feira. Em Veneza (Itália), centro de um dos mais alegres carnavais da Europa, a festa hoje se encontra quase extinta. Em Bonn (Alemanha) há alguns pequenos desfiles de pessoas fantasiadas. Em alguns outros lugares do mundo existem pequenas comemorações, também concentradas na 3ª feira.
Bem, no Brasil é diferente. A festa de carnaval começa já na 6ª feira e se prolonga até a 4ª feira de cinzas ou, o que é mais comum do que imaginamos, até o domingo seguinte, ou seja, quase dez dias de engessamento de todas as atividades. Repartições públicas (praticamente todas) cerram suas portas ou, na melhor das hipóteses, trabalham com pequenas equipes numa espécie de plantão momesco, hospitais reduzem as suas equipes e por aí vai ... Pergunto aos nossos caros leitores: Já tiveram alguma emergência médica no carnaval?
Até aí já sabemos. E o imponderável, o acaso? Como vimos que é uma festa de bebidas, ocorrem os excessos. Quantas famílias já se enlutaram devido a acidentes de trânsito por imperícia, negligência ou imprudência alcoólica? Quantos já sofreram por atitudes impensadas provocadas pelo uso de álcool ou drogas?
Bem, aqui em Cabo Frio – a cidade da impunidade - se viu de tudo! Tiroteio, assassinato, brigas – uma em cada esquina – e a transformação da cidade num imenso, incomensurável “mijódromo”! Por outro lado, alguns automóveis inundavam nossos pobres ouvidos com decibéis incontáveis, grunhindo sons que primitivamente lembravam alguma estrutura musical, repletos de pornografias que, ao que parece, são de agrado dos nossos “turistas”. É claro que não esperamos um carnaval com cantos gregorianos, mas, pelo menos, alguma coisa que uma família possa ouvir sem se envergonhar.
Por falar em “mijódromo”, recentemente o Prefeito de nossa pobre cidade rica vetou lei do vereador Dr. Taylor que se preocupou com os vários problemas concernentes à excreção nas ruas (mau cheiro, atentado ao pudor, problemas que o ácido úrico causa nas estruturas, atração de insetos e roedores e por aí vai...) e propôs a sua proibição em locais públicos. É claro e óbvio que o Prefeito teria que estabelecer uma rede decente de banheiros públicos, aliás o que toda cidade turística possui. Será que a nossa que arrecadou R$ 3.200.000.000,00 nos últimos sete anos não tem uns trocados para isso?
Com todas as possíveis vênias, gostaria de citar a cidade de Paris que implantou mais de 400 banheiros públicos em 2009, de alta tecnologia, com portas automáticas que facilitam seu uso por cadeirantes e pessoas de idade. Externamente tem uma luz vermelha indicando estar ocupado; verde, desocupado e azul em processo de autolimpeza entre dois usuários.
É evidente que não é isso que sugerimos ou que podemos! Basta a construção de alguns banheiros públicos – estrategicamente localizados – e, durante as festividades, a farta distribuição de banheiros químicos. E torcer para que recebamos esse turismo de qualidade que tanto nos prometeram!
Não posso me furtar a comentar, também, o desfile de escolas de samba que absorvem centenas de milhares de reais de nosso orçamento. Não sei se o prezado leitor teve a mesma impressão, mas quando passeava pelos canais de televisão local, percebi o esforço que faziam os apresentadores para mostrar um carnaval fulgurante, mas o que vi foram arquibancadas relativamente vazias e escolas com adereços muito simples e fantasias mais simples ainda. Vamos aguardar as prestações de contas!
De qualquer forma, a esperança não fugiu por completo. Se a tradição e a cultura comandam a realização desse festejo - cultura essa entendida como o conjunto de manifestações da sociedade, incluindo seus costumes, atitudes, valores cultivados e modo de organização - vamos, pelo menos, tentar organizar este evento, com o pleno conhecimento de seus riscos. Isso é possível!
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